Pessoal, boa noite! No último post eu falei sobre o capítulo de livro “Como o Setor de Transportes no Brasil foi afetado pela pandemia da COVID-19? – Uma abordagem baseada em Análise Envoltória de Dados” do livro “Transparência em Tempos de Pandemia”. E disse que iria abordar alguns conceitos relacionados com os métodos desse capítulo. O principal método desse capítulo foi a Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis – DEA) aplicado a dados do setor de transportes, para medir o desempenho e tentar entender as expectativas e o impacto da Covid-19 (no início da pandemia) nesse setor.
Seguindo nessa mesma linha, mas de forma mais geral, sem esse foco da pandemia, hoje eu gostaria de falar sobre uma palestra que eu dei em um congresso esse ano, que, de certa forma, tem relação com o meu projeto de pós-doutorado sobre desempenho de corredores de transporte verde.
IEOM - INDUSTRIAL ENGINEERING & OPERATIONS MANAGEMENT
No mês passado, eu fui convidado para fazer parte do painel de especialistas em Cadeia de Suprimentos e Logística, para falar sobre Análise de Desempenho em Transportes, no Congresso Internacional de Engenharia de Produção e Gestão de Operações (Industrial Engineering & Operations Management - IEOM) e eu gostaria de compartilhar um pouco do tema da palestra com vocês.
VELHO PARADIGMA
Há décadas, as pessoas estão buscando e tentando mudar o paradigma dos transportes. Para mudar esse paradigma, também é importante mudar a forma como se mede o desempenho de sistemas de transporte.
Antigamente se dava muita ênfase e valor para a velocidade de deslocamento dos veículos e não existia tanta preocupação com as reais necessidades das pessoas. Às vezes até se preocupavam com o nível de serviço, mas no final das contas, isso era praticamente a mesma coisa que preocupar somente em manter uma alta velocidade.
Ok, a velocidade ainda é importante, pensando no trânsito urbano ou no transporte inter-regional de carga, porque algumas pessoas estão sempre com pressa ou precisam receber um produto importante o mais rápido que pode ser entregue, então a velocidade ainda é importante, mas não é o único critério importante, pois normalmente as necessidades das pessoas não se resumem em apenas uma única medida ou variável, então o paradigma começou a mudar.
NOVO PARADIGMA
Como pensar nos transportes baseando-se apenas em uma única medida não era mais o suficiente, então surgiu um novo paradigma que se baseia em quatro aspectos principais:
- A mobilidade, para a população.
- A acessibilidade, considerando o uso do solo.
- A habitabilidade, para a comunidade.
- E a sustentabilidade, pensando no desenvolvimento.
Esses aspectos podem ser abordados em conjunto ou separadamente. Sobre as variáveis e medidas em cada um dos quatro aspectos, pode ser importante, por exemplo, considerar:
- A infraestrutura de transporte.
- As conexões de uso do solo e transporte.
- As emissões de CO2 (ou poluição do ar) e consumo de energia, que estão relacionadas ao consumo de combustível fóssil.
- A segurança e outros meios de transporte.
- Além das medidas operacionais, entre outras.
CONTEXTO E SELEÇÃO DE VARIÁVEIS
Assim, a análise de desempenho depende de muitos fatores e aspectos. Cada contexto, localidade e organização exige medidas diferentes e eles têm a liberdade de escolher suas próprias medidas, dependendo do objetivo e da análise desejada.
Por exemplo, o Banco Mundial aplica Análise Multivariada para construir índices de desempenho logístico internacional, com base na eficiência alfandegária, qualidade da infraestrutura e pontualidade dos embarques, entre outras medidas.
Porém, por exemplo, não é obrigatório usar essas medidas para avaliar redes multimodais ou corredores de transporte verde. E, por exemplo, em problemas de roteamento de veículos, pode ser muito mais importante considerar o congestionamento na área urbana do que nos outros contextos citados, apesar de ser uma medida relacionada ao tempo.
MÉTODOS
E é possível desenvolver e aplicar modelos de Pesquisa Operacional (otimização) ou estatísticos, por exemplo, métodos de tomada de decisão multicritério, multi-objetivo ou de análise multivariada para resolver esses problemas e avaliar sistemas como o de transporte.
Alguns exemplos de modelos:
- Modelos de transportes (Network Equilibrium Model, Vehicle Routing Problem, etc.).
- Análise de Envoltório de Dados (Data Envelopment Analysis – DEA).
- Fronteira Estocástica (Stochastic Frontier Analysis – SFA).
- Análise multivariada (Componentes Principais – PCA, Análise Fatorial – FA, etc.).
- Outros métodos de tomada de decisão multicritério (MCDM).
APLICAÇÕES
Na minha apresentação, ainda falei sobre aplicações que já fiz e de artigos publicados, por exemplo, para criar indicadores compostos para avaliar o desempenho logístico, rotas urbanas de serviço de ônibus, fluxos inter-regionais de transporte de carga, sustentabilidade, corredores de transporte verdes, entre outros. Como são assuntos longos, futuramente abordarei esses artigos separadamente em outros posts.
Ainda estou organizando melhor o blog e outras páginas relacionadas. Quem quiser também poderá acompanhar pelo Facebook e pelo Instagram. Uma boa semana a todos!
Parabéns, Paulo! Será que você poderia falar um pouco dos métodos aplicados juntos com a Inteligência Artificial? Obrigada
ResponderExcluirOlá, Iso! Sim, posso falar, futuramente, sobre o tema. Vou falar sobre esses métodos nas próximas semanas e depois começo a falar sobre esses métodos aplicados juntos com Inteligência Artificial, entre outros. Obrigado!
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